Valorização do educador norteia o 15º Encontro Educação e Participação
Realizado desde 2007 pela Fundação Educar DPaschoal, o “Encontro Educação e Participação – A Escola como Centro de Cidadania” chegou à sua 15ª edição de forma bem especial. Neste ano, o evento foi a abertura da 10ª Semana da Educação de Campinas, movimento que reúne profissionais, especialistas e diversos atores da sociedade para pensar a construção de uma educação de qualidade para todos.
Co-realizada pela Fundação Educar, Fundação FEAC, Secretaria Municipal de Educação e Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, a Semana da Educação de 2019 levanta como reflexão: quais seriam os principais desafios a avançar no cenário educacional dos próximos 10 anos?
Pensando na valorização da carreira docente – um dos pontos levantados como desafio – o tema do Encontro deste ano foi: “Criatividade e transformação: iniciativas que promovem o aprendizado significativo”.
O evento teve como objetivo ser um espaço para troca de experiências e aprendizagem, fortalecendo o papel do professor na busca pela qualidade do ensino público e reuniu mais de 80 educadores no dia 16 de setembro, no Instituto CPFL.
A roda de conversa contou com a mediação de Anna Penido, Diretora do Instituto Inspirare, que atua com estratégias de comunicação e mobilização social para informar e orientar a sociedade sobre práticas educacionais inovadoras.
Para compor a troca de ideias, os educadores convidados foram Fábio Machado de São Paulo-SP e Flávia Costa, de Recife-PE, ambos vencedores do Prêmio Educador Nota 10, realizado pela Fundação Victor Civita, além da jovem protagonista Rafaela Obrownick, de 17 anos, ex-participante do projeto Academia Educar, estudante de Relações Internacionais e voluntária em projetos sociais.
O papel do educador
Fábio Machado, como educador da EMEF Profª. Marili Dias (São Paulo-SP), contou mais sobre seu projeto com estudantes do 6º ao 9º ano em que utilizou múltiplas linguagens da Geografia para incentivar descobertas de identidades e protagonismo juvenil na comunidade Morro Doce.
Para o educador, a proposta do Encontro Educação e Participação e da abertura da Semana da Educação é muito acertada porque traz para o debate, de fato, as práticas de sala de aula. Ele acredita que professor precisa ser mais escutado, defende a troca de experiências, o engajamento da comunidade escolar e o protagonismo dos estudantes. “Vivemos um momento de provocar o espírito crítico nos jovens, para eles não se verem como agentes passivos, de uma realidade que está posta. Eles precisam se ver como agentes potentes, como parte da transformação”, defende Fábio.
A outra experiência compartilhada foi a de Flávia Costa na Escola Municipal de Tempo Integral Divino Espírito Santo (Recife-PE), onde desenvolveu projeto que mostra como a arte pode quebrar estereótipos sobre os indígenas, trabalhar identidade e respeito à diversidade e ampliar o repertório cultural dos estudantes.
A educadora comenta que compartilhar boas práticas com outros educadores os fortalece e os estimula a refletir a docência. “Pensar a educação é, certamente, entender que se trata de um processo dinâmico. Nas sociedades do conhecimento, movidas pela velocidade das tecnologias, sobretudo sob a influência das redes sociais, incentivar e praticar a criatividade promovem a formação de sujeitos ativos, participativos e críticos de suas realidades”, destaca.
Engajamento do jovem
Pensar na valorização do professor é também pensar na construção coletiva de uma comunidade escolar mais unida, com alunos participativos e gestores engajados. Para Maria de Jesus Ferreira Martins, dirigente regional de ensino da Diretoria de Ensino Campinas Oeste, é muito importante que aqueles que pensam na educação como caminho essencial para a evolução do ser humano estejam reunidos, presentes e participando ativamente de discussões.
“Nesse contato de educadores com estudantes, reforçamos que é através dos jovens que realmente vamos conseguir as mudanças significativas que queremos em relação à sociedade brasileira. Essa participação é fundamental”, aponta a dirigente.
Para que essa transformação com engajamento dos jovens aconteça, Rafaela Obrownick destaca a importância de existir educadores que acreditam neles. “São vocês que transformam a escola, que chegam nos alunos, escutam. São vocês que fazem os alunos se enxergarem como agentes poderosos, como agentes de transformação. Porque vocês, educadores, acreditam na gente. O jovem tem sim grande potencial, mas a gente só chega nesse potencial se vocês ajudarem a gente a encontrar o caminho”, compartilha a estudante.